Há uma preocupação generalizada no Brasil com a crise econômica, ética e estrutural. Os governos
federal e estaduais realizaram cortes em todos os setores da economia, principalmente nas pastas de
Saúde, Educação e Desenvolvimento Social. Somente na Educação houve um corte de R$ 9,4 bilhões em
2015 e no ano que vem, infelizmente, o corte será ainda maior. Para conter ainda mais as despesas na área
da Educação os governos de São Paulo e Paraná anunciaram para o ano de 2016 o fechamento de escolas:
150 no Paraná e 94 em São Paulo, que remanejará cerca de 311 mil alunos para escolas de outros bairros,
superlotando as salas de aulas.
Infelizmente os governantes esqueceram do compromisso assumido na campanha eleitoral quando
diziam que a Educação seria prioridade em seu mandato. O que pensar das atitudes destes governantes?
Eles arrombam os cofres públicos violando até mesmo a previdência dos seus servidores, simplesmente
para cobrir rombos da corrupção e má administração como ocorreu no Paraná no início de 2015. Neste
cenário de desesperança nos perguntamos: Que valor tem tido a educação em nosso país?
O resultado deste descaso aparece no ranking mundial da educação. Dos 36 países que foram
analisados em 2014 o Brasil ficou em penúltimo lugar, perdendo apenas para o México. A Finlândia ficou
em 1o lugar, um país que há quarenta anos reviu suas prioridades e revolucionou o sistema que, hoje, é
exemplo mundial. Em 2015 participaram da análise 76 países e o Brasil ocupou a 60a posição. O país que
teve a melhor colocação no ranking deste ano foi Singapura, que nos anos 60 tinha altos índices de
analfabetismo e desemprego. Mas, qual o segredo destes dois países que reverteram a situação de
analfabetismo e hoje ocupam o topo mundial da conquista educacional?
Nos anos 60 Singapura tinha uma evasão muito alta no ensino, mas a reforma educacional priorizou
a alfabetização. Os alunos com ritmos diferentes de estudo foram colocados em escolas específicas, onde
foram beneficiados com um currículo de atividades práticas. O governo reconheceu que a educação não
alcançaria progressos sem bons professores nas salas de aula. Para isso atraiu os docentes e deu a eles
formação mais consistente. Para iniciar esta valorização o salário do professor iniciante foi equiparado ao
de engenheiros.
Há 40 anos a Finlândia realizou uma reforma educacional de sucesso, cerca de 75% dos adultos
entre 25 e 64 anos têm diploma de ensino superior. A escola pública oferece, além do ensino e
alimentação, também assistência médica e dentária. O ensino é obrigatório dos 7 aos 16 anos e 99,7%
concluem esta educação básica. O professor é visto com respeito e profissionalismo. O país investe muito
na formação dos professores, dando-lhe o mestrado, requisito mínimo para que ele exerça sua profissão.
As crianças têm um professor particular disponível para casos em que necessitem de reforço. Não existe
ensino de período integral, a criança começa estudar aos 7 anos, pois os educadores acreditam que as
crianças têm que ser crianças, elas não têm que aprender a ler ou escrever antes dessa idade.Todos os
alunos têm o mesmo padrão de ensino, não havendo distinção de classe social ou origem. Há um grande
investimento na construção de escolas públicas tanto na zona rural como nas cidades.
Ao analisar estes dois países que saíram do caos educacional para ocupar o primeiro lugar na
educação mundial, podemos perceber que é possível que a mudança aconteça também em nosso país.
Basta que os políticos mudem o foco do investimento. Chega de corrupção! Investir na Educação não é
apenas tirar, hoje, as crianças da rua, mas mudar a vida do brasileiro em todas as dimensões possíveis,
dando-lhe uma vida digna profissional e familiar.
Professora Ednalda Maria Montanha