Nos últimos anos surgiu um fenômeno global conhecido como geração nem-nem. São jovens que
nem estudam, nem trabalham. Eles têm entre 15 e 28 anos e se justificam por não encontrar espaço no
mercado de trabalho e sentem-se desmotivados a continuar os estudos. Aliás, motivação é o que tem
faltado para este grupo… Percebe-se uma grande contradição comportamental, pois o jovem é sinal de
energia, reivindicação, insatisfação, deseja mudar o mundo, ser independente, voar alto… Mas para o nem-
nem, que cresce longe do trabalho e da escola, só resta o comodismo e a falta de interesse!
O termo “nem-nem” é a tradução do espanhol “ni-ni”, “ni estudian ni trabajan”; e do italiano
“mammone”, isto é, “não larga da saia da mama”. Filhos que adiam a saída da casa dos pais porque não
querem deixar o conforto (cama, comida e roupa lavada). Em muitos casos, além de não sair de casa, ainda
trazem consigo a nora ou genro e um neném. Pais nem-nem criando um neném… Além da semelhança
sonora das expressões “nem-nem” e “neném”, elas possuem outras semelhanças: ambos não estudam, não
trabalham e vivem à custa dos pais. Seria cômico o trocadilho se não fosse preocupante!
Dados alarmantes revelam uma grande ameaça para o nosso futuro: estes jovens estão mal
preparados para o mercado de trabalho que ficou mais exigente, mais competitivo e requer mão de obra
qualificada. Há alguns fatores negativos que se somam ao conceito “nem estuda, nem trabalha”… Eles
também não têm família, não têm projeto de vida, não têm sonho… A isso se juntam as más companhias, o
uso de drogas, os convites ao crime organizado… Com a falta de estrutura familiar dificilmente esses jovens
escaparão da criminalidade!
Por fim, o indivíduo serve de massa de manobra, não sabe de onde veio e nem para onde vai. Na
sociedade ele poderá ser manobrado para o bem ou para o mal, depende de quem estiver ao seu lado! A
ausência do trabalho na vida de um jovem pode causar prejuízos permanentes para o seu futuro. Trabalhar
não significa apenas receber o salário no final do mês, mas faz parte do processo educacional de um
indivíduo. O trabalho ensina a pessoa criar hábitos necessários para sua sobrevivência em sociedade, tais
como, cumprir horário, seguir instruções, ser submisso a uma hierarquia… Quanto mais tempo o jovem
demora a ser moldado nesta área profissional, mais difícil será para ele ingressar no mercado de trabalho e
ser bem sucedido profissionalmente.
Outra questão para se abordar é que o desemprego prolongado e a dependência dos pais podem
excluir o potencial de confiança que se desenvolve no trabalhador. Destrói o ritmo de crescimento interior,
interrompendo os sonhos de um futuro melhor, de constituir uma família e criar os filhos. Parece uma
situação simples a princípio, mas a falta de trabalho pode destruir o potencial a ser explorado, gera
problemas com a autoestima… Tira o foco do futuro, fazendo-o viver apenas o presente, suas ações e
pensamentos o tornam limitado… Assim, ele fica fora do cenário econômico, um “parasita” totalmente
dependente do próximo. Fisicamente saudável, porém uma sanguessuga familiar.
Essa geração está preocupando milhares de famílias em todo o mundo, pois seu crescimento é
assustador! Mas qual nosso papel diante deste caos? Podemos influenciar os jovens que estão ao nosso
redor, orientando, aconselhando, resgatando sua essência de energia e criatividade, injetando nele a
vivacidade que perdeu, a fim de que façam escolhas conscientes em suas trajetórias pessoais, para que se
tornem adultos responsáveis e estruturados em todos os segmentos de suas vidas.
Professora Ednalda Maria Montanha